19.12.11

#Desenho




-ignore-
Fruto do meu mais recente brainstorm, cortesia da lua-cheia. :)

16.12.11

História de Menininha #01


O Amigo lindo da minha amiga

  Luíza não conseguia parar de chorar. Dois traumas num curto espaço de tempo: Um término tempestuoso de um relacionamento e um desastre no cabeleireiro que enterrou sua invejada ruivisse. Carina acalmou-a e resolveu recapitular a história toda que havia transformado a moça num chafariz de lágrimas. Primeiro, quando Carina percebera que não recebia cantadas por andar sempre acompanhada de Rick, terminou convidando a novata do escritório para ser seu entourage na balada de sexta. Lá pelas tantas da noite, Rick foi apresentado a Luíza como “Meu melhor amigo. Ele é lindo, né?”. O encanto com a curvilínea ruiva apresentada a ele foi nítido, mesmo as coisas funcionando como funcionavam. Foi uma simples questão de tempo – ou de drinks, quem sabe? – para que Carina flagrasse os dois enroscados num caloroso beijo no meio da pista.  Nada que a surpreendesse, isso já acontecera outras vezes; Era comum que garotas se rendessem ao sorriso de cafajeste do moreno.

  O que realmente deixou Carina em choque foi quando os beijos ocasionais se tornaram um namoro. Daí em diante, era Luíza falando de Rick a cada minuto: sobre seu incrível senso para moda, seu rigor ao escolher sapatos e sua incrível atenção com o visual – e a parte que ela mais detestava: o seu desempenho na cama contado em detalhes. Aquilo ia contra tudo que ela conhecia de seu amigo, contra suas confissões, seus antigos namoros e a imagem que ela tinha dele – coisa que Luíza já estava cansada de ouvir da boca de Carina, mas não se importava, afinal ela era uma mulher moderna. Claro, havia uma pontinha de ciúme, mas a intuição feminina de Carina dizia que havia caroço escondido naquela mistura homogênea. Da mesma forma que o namoro apareceu, as reclamações sobre o crescente desinteresse de Rick por parte de Luíza também vieram repentinamente. Os primeiros clássicos sintomas: preguiça na cama. Os que vem em seqüência são sempre os mesmos – nada de telefonemas, impaciência e insensibilidade. E depois os encontros cada vez menos freqüentes.

  Agora Luíza estava em prantos em frente à Carina. Ela a sacudiu e começou a jogar os fatos na mesa: onde já se viu deixar que uma brincadeira entre uma solteira e um gay se transformasse em amor ou algo parecido? Claro que isso pode acontecer sim, mas com Rick... Ah, com ele não. Foi estupidez deixar que se iludisse e criasse planos. Rick ainda era um homem e as duas, como boas mulheres, estavam cansadas de saber que eles sabem exatamente separar sexo de amor. E depois de tanto soluço, tanto choro e palavras impossíveis de entender, Luíza finalmente explicou o que houve: Rick não conseguiu esconder seu desejo por um rapaz que o cumprimentou na última vez que foram a um restaurante juntos; alguns dias depois, numa frustrada tentativa de surpreender seu namorado, ela deu o flagrante nos dois numa situação um tanto crítica. E aí foi o escândalo típico de novela mexicana, aquele monte de roupa suja lavada, berros e alguns pratos atirados na parede.

  Não havia muito que fazer. Rick não deu muitos detalhes, só estava azedo com Luíza depois de ver suas porcelanas favoritas serem reduzidas a cacos – assim como ele fez com o coração da pobre moça. No fundo, nem mesmo o rapaz tinha culpa. Carina consolou a amiga e achou melhor deixar que o tempo resolvesse tudo. Algumas semanas depois, Rick veio orgulhoso apresentar seu novo namorado para sua melhor amiga. A risadinha infame foi inevitável: adentrara aos olhos de Carina um belo homem, Eduardo, mais baixo do que Rick e dono de uma silhueta de nadador invejável. Mas não foi isso que fez a mente de Carina estalar e juntar todos os fatos. Em meio a risos incontroláveis por parte dela, tudo se encaixava: o desinteresse dele começou assim que acontecera um acidente no cabeleireiro que deixou Luíza morena. Estava tudo explicado agora, a intuição feminina raramente falha. O que ela se esqueceu de contar à Carina sobre o flagrante de Rick com o moço era um traço importantíssimo sobre a aparência de Eduardo: ele tinha uma linda cabeleira ruiva



10.12.11

Nós


"Você não deveria confiar em mim" foi o barulho feito enquanto seus dedos apertavam os meus. Que petulante malícia havia naquele sorriso que beijou meus olhos e se espalhou por toda minha face, fazendo subir calor - eu estava ficando vermelho de novo e meu desconcerto era eminente à medida que você caçoava da situação. E depois disso e daquilo, da falta do disse-me-disse, já era hora de estancar meus pensamentos sobre o ocorrido, o que inconscientemente me dava as respostas necessárias. Tão simples, tão previsível que se tornava até meio chatinho: Não levar tão a sério - talvez nem um pouco mesmo. Nós costumam ser desfeitos, então não vejo muito motivo para tentar amarrar as pontas soltas: deixa o vento embalá-las em sua coreografia; repara como serpenteiam no ar, tão juvenis, tão livres. A mim, mal cabe a tarefa de assistir a dança. Nem me atrevo a querer participar. Terminei decidindo por não decidir, por uma parte fiz o que não queria. Escolhi não escolher. Não quero ser a vítima - seria tão complexo e é algo que tem como pré-requisito uma natureza que não é a minha. Vou assistir por enquanto. No fundo, o que eu espero mesmo é que a fita marrom claro se desmarre e que o vento a empurre para perto... quero apanhá-la e dar um laço...