31.8.11

O Encantador de Serpentes



A ironia do destino novamente me arrastava para um daqueles encontros que nunca foram marcados – era reinação dele me fazer trocar tantas palavras com um recém não-desconhecido. Informalmente apresentados demais. Não me lembro realmente como fomos parar naquela mesinha com música ao fundo, mas estávamos lá. Se me recordo bem, ele tinha algo parecido com uma mania – um ritual talvez. Olho em mim. Olho no copo. Copo nos lábios, olhos nos meus. Língua nos lábios. Olhos nos meus lábios. Hipnotizante. Não tenho outra palavra para descrever tal rapaz.

A sua voz roçava meus ouvidos, ouriçando-me os pelos da nuca. Eu? Ah, eu desconpassava. Cruzava e descruzava as pernas, cantarolava o shimbalaie do fundo e ele ria – eu ria, bochechas corando. Algo em mim subia, forte. De encantos o culpado não era pobre: labioso ele era; um persuadidor. Em outras palavras, ele tinha um bom papo. Embalou nossa noite e já passava das tantas, depois de tanto taça-vai-taça-vem e conversa-vai-conversa-vem, que nos solicitaram que nos retirássemos do local. A noite não era linda, mas ventava – minha cabeça já estava alta e voava com meu cabelo.

Lembro-me de piscar os olhos por duas vezes. Depois da primeira delas, me deparo com um beijo rotulado descortês; depois da segunda, um empurrão cama a cima. Depois, vários empurrões conjuntos. Não me lembro a quantas ia a temperatura da madrugada, mas meu grau era alto e o quarto suava. Aquilo tudo diluído: a conversa, os olhares. Ele tinha algo parecido com uma mania – um ritual talvez. Mão. Mãos. Corpo. Corpos. Não tenho outra palavra para descrever tal rapaz: Ele era hipnotizante.

28.8.11

Roteiro


Depois das palavras ríspidas, dos vinte e poucos nós que você deu em sua garganta e daqueles abalos sísmicos internos seus que te escapam aos olhos, você pára. Depois daquela ausência longa de palavras, das corredeiras trovejosas que meu pranto é e da multidão de flechadas frias das minhas palavras, eu paro. O silêncio que os ditos bobos chamam de estranho se instala no campo de batalha depois que a última bala acerta o último sobrevivente; o que fica é minha respiração alterada, meus olhos suplicantes com as pupilas inacreditavelmente dilatas e toda minha fé no clichê do cinema americano me obrigando a acreditar que chegou minha parte favorita do filme: A hora em você deveria me envolver na força dos seus braços, acorrentando seus lábios aos meus no beijo ardente que era a recompensa por todo o roteiro doloroso dramatizado anteriormente. Mas o silêncio continua. O chão em que piso é mais mole e menos orgulhoso. Suas costas se viram, atingindo meu rosto com uma frase não-verbal dolorosa tal qual tapa de luva. O silêncio que os ditos bobos chamam de estranho se instala no campo de batalha depois que a última bala acerta o último sobrevivente: era eu. Meus olhos se fecham feito a tela, num fade lento ao preto que é destino de todo filme esquecido na prateleira do seu coração.

25.8.11

Egoísmo



Queria calar quem chama o sol, quem manda as estrelas irem embora. Queria você pra mim, numa noite quase infinita...

22.8.11

Brick by Brick - Katy Perry


Olá. Hoje compartilho com vocês uma canção que tem me ajudado bastante nos momentos difíceis - que não tem me dado trégua. É uma canção que gosto de chamar de minha, é íntima. Vou deixá-la falar por si:



19.8.11

Anestesia


Ah meu bem, tudo está tão perfeito! Não há com o que se preocupar, não há atrás; era tudo nada. Todo o barulho da cidade, todas as palavras mesquinhas, toda a sujeira dos becos e das bocas, tudo que doía; Tudo, tudo, tudo não é mais. Enfim o silêncio. Só a nós pertence o momento eterno em que estamos. Estamos no fim. Logo não seremos mais. Nós fomos os últimos. Não há como explicar o sentimento que me toma agora. Já não sinto minhas pernas. Aqui é exatamente como disseram que seria. O Fim é amarelo.

16.8.11

#Desenho

Dois Bobos

[Meu primeiro desenho escaneado e depois colorido no computador. Acho que o resultado ficou até legal pra quem fez tudo no mouse. Valeu o esforço. *-*]

13.8.11

Passarinho? Piu


Um passarinho pousou na minha janela hoje. Sorri pra ele. Ele me perguntou onde você estava e bateu asas. Aquele silêncio que ficou no quarto era gigante, mas não maior do que minha preocupação. Uma frase ficava batendo na minha cabeça: “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”– é clichê, eu sei; mas não me importo. Cadê você? Eu queria saber de qualquer forma; queria estar lá também. Era estranho como aquilo crescia em mim. E o estranho foi se transformando em vontade de te ver, de deixar teu sorriso tocar meus olhos. Minha boca foi tomada de um gosto doce, que se tornava frases lindas de se ouvir, que faziam bem dizer. Agora eu queria descobrir onde você estava e correr pra te contar aquilo tudo que eu venho guardando no meu coração já faz algum tempo. Dizer que seu toque é único, ouvir sobre sua rotina e as aulas que você não gosta. Perguntar se dá tempo da gente escrever uma história junto...

10.8.11

A cara de sempre



Por mais que o tempo passe, que você pense que mudou e cresceu, dentro de você sua criança-interior insiste em acreditar que adivinharão quando você fizer aquela cara pedindo um abraço. Só a cara mesmo, porque falar eu não falo. Abraço não é lá coisa que se peça.  Aí, não lêem seu rosto direito; não entendem aquela cara que grita “Me dá um abraço!”. E de novo, você chora.

4.8.11

Domingos Privados



Até certo tempo atrás meus domingos eram dedicados a mim, egoísmo pleno. Era quando eu costumava procurar alguns contornos diferentes em rostos conhecidos ou me desafiava a descobrir uma nota musical que ninguém havia tocado. Era quando as portas do meu íntimo se abriam e eu deixava fugir todas as minhas idéias e ideais de loucura. Eles corriam, rastejavam, rolavam, quicavam, dançavam, voavam pra fora de mim. Era vida em movimento. Era lindo.

O que mais me intrigava eram os sons. Som de asas de borboletas batendo; som de risos de crianças e latidos de cão; som de bicicleta estalando e de folhas ao vento.  Minha trilha sonora preferida. No finzinho, haviam passos. Primeiro dois, depois quatro, mas em descompasso.

Descompasso que me fez altruísta, que trocou o movimento daquilo que antes era um ego só. Tornou-se coreografia a dois, pés com pés. Dois pra lá, dois pra cá nós seguíamos, fazendo nossos sons. Agora era som de mãos dadas, de dedos entre cabelos, de beijos sorrindo. Som de aconchego. De abraço com gostinho de lar.

Havia um rumo pra onde correr, pra onde rolar, pra onde voar. Continuava sendo pra fora de mim, mas com destino certo a se entrar. Entrava naquele desalinho característico seu que me desalinhou os domingos, que hoje são mais do que egoístas. Não são compartilhados. Meus domingos são seus. Assim, roubados, sem pedir licença, por um sorriso inocente e olhos de chocolate. Agora, privado mesmo, só meu coração. Que jaz em desalinho constante, mas se ritma quando nosso descompasso se encontra. E então, eu sorrio.

1.8.11

Curta



- Você está triste. Não gosto de te ver assim... mas no fundo isso é bom.

- Han? Não entendi. Porque?

- Porque mostra que você é de verdade. Você sempre tem felicidade nos olhos, como uma chama acesa dentro de você. Eu gosto disso. Mas encontrar tristeza nos seus olhos mostra que você não tem apenas sentimentos divinos. Existem sentimentos humanos dentro de você e isso nos aproxima.